segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Por quê ler Jessica Balbino?

"Bruno (Periferia Invisível) é muito bom dividir um pouco do meu trabalho com vocês. Tamo junto sempre, pela cultura. Beijos, Jéssica Balbino". 
É com esta dedicatória que começa, no meu exemplar, o livro "Traficando Conhecimento" que recebi das mãos da autora no dia 22/10/10.
Quando iniciei a leitura, o primeiro elemento que despertou atenção foi a forma da escrita, com mudança constante de sujeito. Para melhor explicar, a cronologia é baseada na vida de Jéssica e seu envolvimento com o Hip Hop. Entretanto, durante o livro há momentos em que a vida da autora além do movimento é retratada, assim como do desenvolvimento do Hip Hop longe da presença da autora, mas ao longo da maior parte da leitura Hip Hop e Jéssica Balbino atuam juntos para o crescimento, tão juntos que é difícil separar e tão difícil que apesar de Jéssica não ser MC, Dj, dançarina ou grafiteira ela se envolveu com o Hip Hop e seu quinto elemento e decidiu trafica-lo. Até os dias de hoje ela atua como Traficante de Conhecimento.
A principal informação que extraí do livro foi melhor entender a composição do Hip Hop, ou seja, quais são seus elementos, e dentro dessa composição como atua a literatura marginal. Além disso o livro também age motivando a movimentação, porque descreve diversas ações realizadas pela autora onde é possível enxergar a eficiência e a necessidade de multiplicação. Das ações, a que mais gostei foram as "caixinhas poéticas", que consistiam na confecção de pequenas caixas com poesias e distribuição em locais públicos e movimentados aonde Jéssica observava de longe. Deixadas em cima de bancos, orelhões e calçadas, as caixinhas passavam por despercebido de muitos mas quando alguém pegava e lia um sorriso era sempre visto no rosto dessas pessoas.
O livro também me deixou com diversas indagações, principalmente após assistir a uma entrevista com Celso Athayde que é Secretário Geral da Central Única das Favelas (CUFA). Vou postar algumas delas, mas acho que serão respondidas com outras leituras e com outros contatos com pessoas do movimento Hip Hop.
Como se encaixam as produções audiovisual e teatrais, que utilizam os cinco elementos, dentro do próprio movimento Hip Hop?
Eventos, festivais, produção cultural, além de prêmios e editais promovidos pelo Ministério da Cultura, o que falta para o Hip Hop ser reconhecido por muitos como manifestação cultural?
Diferença de vertentes quanto a produção musical que, aos moldes dos norte americanos, somente o rap pop tem espaço na grande mídia e é exportado, qual a probabilidade deste mesmo fenômeno no Brasil?
Qual o real poder do Hip Hop em São Paulo, sendo que o que revoluciona atualmente são os Funks Cariocas que influenciam o comportamento da maioria dos jovens?
Enfim, tenho outras questões, mas vou guardar algumas para o debate na quarta-feira com Alessandro Buzo (http://www.periferiainvisivel.com.br/noticia_principal_01.html). O que eu sei é que desde os 12 anos de idade, escutava Tupac e adoro produções relacionadas ao Hip Hop desde então, mas não tenho um grande conhecimento nesta área e quanto mais leio mais admiro pelo fato de, parafraseando Jéssica Balbino, "O Hip Hop ter salvado a vida de muitos". 


Livros de 2011

# 1 - Ferréz - Cronista de um tempo ruim
# 2 - Alessandro Buzo (Curadoria) - Pelas periferia do Brasil Vol. IV
# 3 - Jessica Balbino - Traficando Conhecimento

Um comentário:

  1. Oiii Bruno ! Ameeeeeiii o seu comentário !
    de verdade ..
    obrigada pelo carinho, por ter ido ao lançamento , por ler e reler o livro e principalmente por comentar !
    fico muito contente com este feedback !
    Quanto as suas dúvidas. Se quiser, podemos respondê-las num fórum virtual, ou fazer um debate presencial, sei lá, fica a seu critério, mas, são motivos de discussão !
    beijão

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