quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Mostra de Teatro do Projeto Ademar Guerra e (A)Mostra Periferia Invisível

As duas semanas que seguem em meados de novembro marcam a finalização do Projeto Ademar Guerra e das atividades do Periferia Invisível em 2013. Serão dois eventos: Mostra de Teatro do Projeto Ademar Guerra e (A)Mostra Periferia Invisível.
Trabalhar em ambas atividades demandou muito tempo, algumas (bastante) olheiras, muitos despertadores ao som de "Levanta e anda" do Emicida, mas serão nas próximas duas semanas que o resultado tornar-se-a "palpável" (ou visual, como melhor preferirem).
Idealizar, no caso do Periferia Invisível, planejar, executar e avaliar um projeto e bem mais trabalhoso do que aparenta, mas me dá uma satisfação enorme.
Quando aos meus 16 anos, em uma aula no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, com o Professor Fernando Burgos, sobre Políticas Públicas para a Cultura eu decidi que era isso que eu queria fazer, fiz a escolha certa! Essa decisão balizou toda a minha vida até hoje, com 21 anos. Entrei na faculdade para estudar Gestão de Políticas Públicas, fundei uma Associação de Arte e Cultura, estagiei e fui efetivado no Projeto Ademar Guerra, das Oficinas Culturais do Estado de São Paulo, gerido por uma Organização Social, a POIESIS. É um privilégio poder trabalhar em lugares que complementam o meu estudo e ter o prazer de atuar na área.


O Projeto Ademar Guerra trabalha a qualificação artística e técnica de grupos de teatro do interior do Estado de São Paulo. Em 2013 foram 58 grupos de teatro atendidos, recebendo orientações artísticas periódicas, além de outras ações específicas, como a Mostra de Compartilhamento, momento em que os grupos abrem seus processos em suas comunidades.
A Mostra Final do Projeto Ademar Guerra será realizada em 2013 no município de Garça-SP. Serão 21 espetáculos de teatro apresentados de 13/11 a 17/11/2013. Realizar essa mostra envolveu a logística dos 21 grupos, 56 representantes de grupos, 32 estagiários e monitores, 16 orientadores artísticos e a diretoria técnica da POIESIS. Além da cooperação com a Prefeitura Municipal de Garça e seus órgãos competentes à área, como Secretaria de Cultura e Secretaria de Educação.
Enquanto política cultural o Projeto Ademar Guerra possui uma modelagem interessante, com alguns conceitos importantes e norteadores do Projeto. A questão da orientação artística vai além de uma formação na linguagem teatral, é uma preparação para a cidadania também, como, por exemplo, ao ser discutido a ideia de comunidade. O Projeto reforça sempre a importância da atuação local dos grupos enquanto agentes transformadores. A Mostra Final, entretanto, é um momento maior de diálogo artístico, pois há apenas dois momentos em que todos os grupos se encontram para trocarem informações: o Encontro Preparatório, momento de seleção dos grupos, e a Mostra Final, onde os espetáculos selecionados pela curadoria de Sérgio Ferrara são apresentados e debatidos por todos os presentes.
Para além de um momento de avaliação artística dos grupos, a coordenação geral de Aldo Valentim, também preocupa-se com a avaliação do Projeto enquanto política pública. Com uma metodologia especifica sendo trabalhada a mais de três meses junto a Fundação Escola de Sociologia Política - FESPSP, sob a coordenação de Humberto Dantas (sabe aquele palestrante que vai uma vez na sua escola/faculdade e você acha ele genial? Esse é o Humberto Dantas, que palestrou no meu segundo ano de faculdade sobre "Governo de Coalizão" e hoje eu tenho a oportunidade de trabalhar junto), o Projeto buscá uma avaliação quantitativa e qualitativa da implementação desta política pública. Em termo de políticas culturais o processo de avaliação ainda é muito raso, sendo essa metodologia desenvolvida de grande importância neste aspecto.

O Periferia Invisível é outra experiência, talvez a maior e mais ousada até hoje em minha vida. Fundar uma Associação aos 18 anos para produzir e promover a cultura na periferia de São Paulo para muita gente era uma ideia de louco, alguns até hoje enxergam como "caridade", sem perceber que eu nasci e moro ali, sou fruto dali.
Não fazemos arte para tirar as pessoas do crime ou das drogas, não é essa a ideia, é a de mostrar que existem grandes artistas aqui, e que eles não podem continuar invisíveis, pois são eles que diariamente estão trabalhando, questionando e tentando, através da arte alterar essa lógica social. Interessante como a ideia de comunidade é inerente aos dois casos.
Estudar Políticas Públicas foi a forma mais eficiente que eu vi de mudar de fato a vida dessas pessoas. "Eu quero vida boa pras pessoa que vem de onde eu vim - Emicida"
Enfim, essa "ideia de louco" comemora 4 anos de existência e caminhamos para a nossa 3º (A)Mostra Periferia Invisível. Fazendo um pequeno balanço das atividades foram mais de 15 Saraus, temporadas de 7 espetáculos, um prêmio de "Melhor Espetáculo" no Festival de São Vicente, workshops, palestras, oficinas de teatro, circo, dança, música e gestão cultural, com cerca de 200 pessoas participantes ao longo dos 4 anos, a oportunidade única de conhecer o Tom Zé (rs), e por ai vai.


Contemplados pelo segundo ano consecutivo com o programa "VAI - Valorização de Iniciativas Culturais", da Secretária Municipal de Cultura de São Paulo, a Associação de Arte e Cultura Periferia Invisível organizou durante o ano de 2013 diferentes oficinas e núcleos artísticos, nas linguagens do circo, do jazz e do teatro. Foram meses de trabalho e dedicação de artistas e colaboradores para construir processos e espetáculos na periferia de São Paulo, trabalho este que chega agora a sua etapa final, com a Mostra Periferia Invisível.



Trajeto
Começamos 2013 com várias transformações. Perdemos parte importante de nossa antiga equipe, pessoas que foram buscar seus sonhos por outros caminhos e que encerraram sua trajetória na Periferia Invisível. Foi o primeiro baque.
Essa Associação é e será sempre muito grata a todos que fazem parte de sua fundação, construção e desenvolvimento e será sempre um refúgio seguro para os sonhadores e fazedores de arte da periferia.
Mas o trabalho nunca para. Montamos pela primeira vez os núcleos artísticos do P.I, formado por jovens artistas que trilharam seus caminhos nas oficinas da Associação no decorrer de três anos. Abrimos novas vagas nas oficinas de iniciação, atingimos um resultado muito satisfatório em atrair novos jovens e despertar o interesse pelas artes e pela cultura na periferia. A recepção a esses novos jovens pela equipe do P.I foi um evento marcante que nos recuperou o ânimo e a força para continuar. E assim fizemos, continuamos e fortes!
Mas por volta da metade do ano, outro baque muito grande atingiu a Associação. O espaço que nos abrigou desde o início de nossa história, que foi palco de tantas alegrias, de tanta arte e de tanta cultura não mais nos estaria disponível, por circunstâncias que nos fugiam do controle. O salão anexo à Paróquia de Santa Luzia, na Vila Cisper, transformou muitos sonhos em realidade, transformou muitos jovens periféricos em verdadeiros artistas e muitas crianças em gente grande, gente séria. Por todo esse aprendizado, oportunidades e crescimento, seremos eternamente gratos ao homem que tornou tudo isso possível, por meio da cessão desse espaço, Padre Zaga. Também o seremos a toda a comunidade da Paróquia, que nos recebeu sempre com muita disposição, mesmo nas dificuldades e embates que marcam qualquer relacionamento.  Um sincero agradecimento daqueles que aprenderam muito do que sabem dentro deste espaço.
Mas o trabalho nunca para. Abrimos diálogo com o CEU Quinta do Sol, e depois de algumas conversas e procedimentos, conseguimos transferir as atividades dos núcleos e oficinas para algumas salas do equipamento. Uma vitória para nós, num momento difícil. Aos poucos, já conseguíamos ficar sobre as nossas próprias pernas novamente, realizamos o primeiro Sarau do PI no CEU, um dos mais lotados da história da Associação e com apresentações incríveis, que deram o tom do que esperar na Mostra Final. Tomamos um fôlego importante.

Agora, todos os nossos esforços se concentram em trazer o melhor trabalho possível para a comunidade, para a periferia, para a Zona Leste.  Queremos que a Mostra Periferia Invisível marque o ano de 2013 como um auto de resistência, uma prova de que não podemos e não devemos, nunca, desistir daquilo que acreditamos.
Mais do que isso, ela será o fruto de um trabalho incansável, um trabalho que nunca para, não importa o que aconteça.



Programação:
13h - Abertura + Lançamento do Livro Cultura ZL
14h30 - Esquete Teatral - Rafael de Souza
15h - Espetáculo Oficina de Circo
16h - Espetáculo Oficina de Jazz-dance
17h - Espetáculo Núcleo de Circo
18h - Música - Rapper Rincon Sapiência
PATIO DO CEU
13:00 às 19:00 - Exposição "Muros que Gritam”
Endereço:
CEU Quinta do Sol - Teatro Nair Belo
Rua Otto Cordes, s/nº - Vila Císper - Ermelino Matarazzo CEP: 03819-290 / São Paulo - SP / Brasil
Fone: 11- 3396.3433





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