sexta-feira, 11 de março de 2011

Desenvolvimento como liberdade

Passado o Carnaval, chegou a hora de focar na faculdade e se tem uma coisa que a USP sabe fazer muito bem é selecionar textos de alto nível para as suas disciplinas, nesse semestre estou cursando a matéria "Teorias da Democracia e instituições políticas no Brasil" e o primeiro texto da desse curso tem uma parte extremamente interessante que diz o seguinte:

"Na orla do golfo de Bengala, no extremo sul de Bangladesh e Bengala ocidental, na Índia, situa-se o Sunderban - que significa "bela Floresta". É ali o hábitat natural do célebre tigre real de Bengala, um animal magnífico dotado de graça, velocidade, força e uma certa ferocidade. Restam relaticamente poucos deles atualmente, mas os tigres sobreviventes estão protegidos por uma lei que poíbe caçá-los. A floresta de Sunderban também é famosa pelo mel ali produzido em grandes aglomerados naturais de colméias. Os habitantes dessa região, desesperadamente pobres, penetram na floresta para coletar o mel, que nos mercados urbanos alcança ótimos preõs - chegando talvez ao equivalente em rúpias e cinquenta dólares por frasco. Porém, os coletores de mel também precisam escapar dos tigres. Em anos bons, uns cinquenta e tantos coletores de mel são mortos por tigres, mas o número pode ser muito maior quando a situação não é tão boa. Enquanto os tigres são protegidos, nada protege os miseráveis seres humanos que tentam ganhar a vida trabalhando naquela floresta densa, linda - e muito perigosa.
Essa é apenas uma ilustranação da força das necessidades econômicas em muitos países do Terceiro Mundo. Não é difícil perceber que essa força fatalmente pesa mais do que outras pretensões, como a liberdade política e os direitos civis. Se a pobreza impele os seres humanos a correr riscos tão terríveis - e talvez a mortes tão terríveis - por um ou dois dólares de mel, poderia ser estranho enfocar apenas sua liberdade formal e liberdade políticas. O habeas-corpus pode não parecer um conceito comunicável nesse contexto. Sem dúvida deve-se dar prioridade, argumenta-se, à satisfação de necessidades econômicas, mesmo se isso implicar um comprometimento das liberdades políticas. Não é difícil pensar que concentrar-se na democraca e na liberdade política é um luxo que um país pobre "não se pode dar". "
Trecho do livro - Desenvolvimento como liberdade - Amartya Sen

O mais interessante é na continuação do texto a informação de que essa ideologia de se pensar em recursos econômicos é defendida justamente pelo países desenvolvidos, ou seja, quem está no topo e não quer sair de lá. Por isso digo e continuarei dizendo "Move mente se"

Livros de 2011

# 1 - Ferréz - Cronista de um tempo ruim
# 2 - Alessandro Buzo (Curadoria) - Pelas periferias do Brasil Vol. IV
# 3 - Jessica Balbino - Traficando Conhecimento
# 4 - Alessandro Buzo - Favela Toma Conta
# 5 - Alessandro Buzo (Curadoria) - Pelas periferias do Brasil Vol. III
# 6 - Alessandro Buzo - Suburbano Convicto, o cotidiano do Itaim Paulista
# 7 - Alessandro Buzo - Guerreira
# 8 - Rodrigo Ciríaco - Te pego lá fora
# 9 - Akins Kinte & Elizandra Souza - Punga
#10 - Aluísio Azevedo - O Cortiço
#11 - Naum Alves - A aurora da minha vida
#12 - Molière - Os ciúmes de Barbouillé
#13 - Molière - O médico volante
#14 - Molière - As preciosas ridículas
#15 - Ariano Suassuna - O Santo e a Porca
#16 - Luis Alberto de Abreu - O anel de Magalão
#17 - Maria Clara Machado - Pluft: O fantasminha

Um comentário: