sábado, 11 de dezembro de 2010

Abre o olho, já não somos invisíveis!


Semana corrida essa. Finalização de semestre na faculdade, vários outros compromissos culturais e, para começar vamos falar de um deles, o Sarau Suburbano Convicto. Digo compromisso porque o crescimento cultural tem que ser assim, um compromisso continuo. Só essa semana foram dois saraus: um no centro e outro no Itaim Paulista.
Eventos assim cada vez mais me tornam fã dos autores marginais, porque a simplicidade traduzida em literatura me deixa em estado de êxtase. A corrida do Alessandro Buzo e todas as suas glórias nesse caminho são muito merecidas, uma musica que gosto muito já diria "sua vida eu quero saber quem contesta?".
Outro evento do qual participei foi o manifesto pela casa de cultura de Ermelino Matarazzo, a experiência foi inexplicável, pois apresentamos a peça "Vila das Almas" em praça pública. Essa apresentação para mim se traduz em uma palavra: Orgulho! Não de mim, mas do meu grupo, pois ver os alunos da oficina atuando em plena praça e enfrentando o público olho no olho, se firmando e mostrando a presença e dizendo "Eu estou aqui!". Ver minha irmã de apenas 12 anos fazer isso me deixou orgulhoso. Todas as palmas de hoje eu queria ter oferecido para eles, pois, apesar de terem se afirmado como grandes artistas eles, ainda assim, se auto-avaliariam e pensaram no que podiam fazer de melhor.
Acabando o evento, seguimos num cortejo até o Sarau dos Mesquiteiros, fazendo barulho, cantando e recitando poesias. No meio da rua, na favela, nas vielas e até em bares lotados... E a população? Sorrindo, aplaudindo, observando e, principalmente, se manifestando.
O dia serviu para mostrar a união dos grupos culturais da Zona Leste. Os Mesquiteiros convocaram um integrante de cada grupo para falar um pouco sobre seu trabalho e sobre a casa de cultura. Lá estavam 9 coletivos unidos e se fortalecendo. É óbvio que temos nossas diferenças, de linguagem, de opiniões, de trabalho, mas também conseguimos conquistar a liberdade de conversar com todos e criticar ou elogiar.
Talvez nós discordemos da forma, mas nunca da finalidade, estamos no mesmo barco e remando todos para o mesmo lado. Digo isso porque na madrugada de sexta-feira para sábado fui para uma festa da faculdade e, no PUB onde estávamos ia rolar show de hip-hop. Provavelmente, um erro de planejamento dos alunos da faculdade por não terem avisado sobre isso, acabou pegando muitos convidados de surpresa, o que fez com que, muitas pessoas presentes não gostassem do estilo. Para completar, alguém acaba jogando um rolo de papel no DJ. Este, como toda sua equipe começou a tirar satisfação e generalizou a confusão. O show foi cancelado e um dos MC's disse no microfone: "Vamos cancelar tudo porque a USP fez o favor de acabar com a vibe. É uns nascem com dinheiro e nada mais, nem respeito!".
Não gosto da generalização. Eu estava lá e até ganhei um CD de um dos MC's porque ele ficou sabendo que eu fazia parte do Periferia Invisível, entretanto, também sou aluno da USP e diga-se de passagem a unidade que eu estudo fica no Jardim Keralux, um dos bairros mais carentes de São Paulo e não estou lá por ter nascido com dinheiro. Então me incomoda a promoção de cultura com discurso de igualdade enquanto não separamos situações e indivíduos, não dá e nunca deu para colocar tudo no mesmo saco. 
Vamos seguir pelo crescimento cultural e promovendo a igualdade sem fugir da realidade, quem quiser fortalecer vem com a gente no dia 18 de Dezembro no Sarau "O Natal do Palhaço Órfão" www.periferiainvisivel.com.br.

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